
Admirável Mundo Novo
25 de agosto de 1991. Um jovem estudante finlandês de 21 anos, chamado Linus Torvalds digitava uma mensagem no newsgroup comp.os.minix. Ele não imaginava que aquelas palavras simples e despretensiosas marcariam o início de uma revolução que transformaria para sempre o mundo da tecnologia.
"Olá a todos que usam o Minix – estou desenvolvendo um sistema operacional livre (apenas um hobby, não será grande e profissional como o GNU) para clones do 386(486) AT. Isso está sendo elaborado desde abril e está começando a ficar pronto."
Este é o início da história do kernel do Linux.
Kernel, mas o quê é isso?
Eu também pensava que o que o Linus criou em 1991 era uma distro completa, mas não é.
O kernel é o coração do sistema. Ele é responsável por controlar a comunicação entre
o hardware e os programas que você utiliza no dia a dia. Sempre que você abre um navegador,
edita um arquivo de texto ou executa qualquer comando, é o kernel quem organiza o uso da
CPU, distribui memória para cada processo, conversa com os dispositivos conectados (disco,
teclado, rede, placa de vídeo) e garante que tudo funcione de forma segura.
Sozinho, porém, o kernel não é suficiente para que você tenha um sistema operacional utilizável. É aí que entram as distribuições Linux. Uma distribuição Linux (ou simplesmente distro) pega o kernel desenvolvido pela comunidade e o combina com vários outros elementos indispensáveis, como:
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Ferramentas básicas do sistema (compiladores, bibliotecas e utilitários do projeto GNU, por exemplo).
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Um gerenciador de pacotes, que facilita a instalação e atualização de softwares.
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Programas de uso diário, como editores de texto, navegadores e suítes de escritório.
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Interfaces gráficas e ambientes de trabalho que permitem usar o sistema de forma amigável.
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Padrões de configuração e personalizações que refletem a filosofia de cada comunidade.
Infográfico fazendo a analogia do Linux com uma Ferrari. O Kernel é o motor do carro.
Na semana passada, em 25 de agosto de 2025, os usuários do sistema comemoraram os 34 anos do kernel Linux.

O kernel do Linux é o coração do sistema operacional, e a versão estável mais recente é a 6.16.4, lançada em 28 de agosto de 2025. Mantida por Greg Kroah-Hartman, essa versão já está disponível para download no site oficial do kernel. Paralelamente, a versão de desenvolvimento 6.17-rc3, lançada em 24 de agosto de 2025, está em fase de testes; por ser um “release candidate”, não é recomendada para uso em produção.
Distros!!
As distribuições Linux, ou mais carinhosamente chamadas de Distros, são um dos motivos do sucesso do Linux, como o código é aberto, qualquer um (isso mesmo, qualquer um) pode usar um kernel disponível e combinar com um gerenciador de pacotes, um ambiente gráfico e criar a sua pŕopria distribuição Linux.
E temos muitas distribuições Linux juntamente com suas comunidades. Você pode conferir a lista de distribuições Linux atuais no site Distrowatch. Eu já usei tantas distros que nem consigo lembrar todas. Atualmente sou embaixador do openSUSE, sou contribuidor do Debian, estou usando Zorin no meu desktop e Kali Linux no laptop (para os meus estudos de cibersegurança).
Eu preparei uma surpresinha para vocês. Caso algum leitor nunca tenha visto um Terminal na vida, eu coloquei aqui um pequeno simulador do terminal do Linux. Agora, você pode estar pensando: “Ah, mais uma tela preta cheia de letras… Isso deve ser só para nerds com óculos de armação grossa!” — mas acredite, o terminal é muito mais que uma tela preta. Ele é o cockpit do Linux, o equivalente a sentar no banco do motorista de uma Ferrari e ter controle total sobre cada engrenagem do carro.
Com o terminal, você não precisa clicar em mil menus para copiar um arquivo ou instalar um programa; basta digitar alguns comandos e voilà! É como magia: em segundos, tarefas que poderiam levar minutos ou horas com o mouse são resolvidas. Além disso, aprender a usar o terminal desenvolve um tipo de superpoder nerd: você passa a entender como o sistema funciona por baixo do capô, como um mecânico que lê os sinais do motor só pelo som que ele faz.
Então, brinque, explore, erre e tente de novo — o terminal não morde. Pelo contrário: quanto mais você se aproxima dele, mais você percebe que aquela tela preta é, na verdade, um universo inteiro de possibilidades ao seu alcance.
Gostei tanto de brincar de criar o Terminal do Caramelo que resolvi dar um passo maior: criar um Linux do zero, que vai se chamar Caramelo Linux. Sou do tempo em que existiam distribuições brasileiras como o Conectiva e o Kurumin, mas, infelizmente, elas desapareceram — e isso é muito triste. Quero muito ser o “pai” do Caramelo Linux. Já comecei a desenvolvê-lo a partir do livro Linux From Scratch e estou nos estágios mais iniciais. É extremamente desafiador: perdi a tarde de ontem inteirinha tentando montar tudo, e então deu um erro, e precisei recomeçar do zero.


Posso estar ficando meio louco ao tentar criar uma distribuição brasileira do absoluto zero, mas, chegando à quinta década de vida, sinto que este projeto pode se tornar algo mais do que um simples experimento: talvez o Caramelo Linux seja o meu legado, uma marca que deixo para o mundo da tecnologia brasileira. É uma mistura de desafio, paixão e nostalgia — uma tentativa de resgatar o espírito das antigas distros nacionais e, ao mesmo tempo, deixar algo único, inteiramente meu.

Se eu vou conseguir essa verdadeira façanha? Isso é algo que só o tempo poderá dizer.