Admirável Mundo Novo
A primeira vez em que eu ouvi o nome Linux já faz algum tempo. Deixe-me forçar o pensamento um pouco… Creio que foi em 2010, no Unipê, eu fazia o curso de Gestão da TI e um dos professores apregoava as inúmeras vantagens desse sistema tão seguro e superior ao Windows. O que eu fiz? Dei adeus ao Windows e instalei uma distribuição Linux no meu laptop de estudo. Isso foi como abrir as portas para um admirável mundo novo…
25 de agosto de 1991. Um jovem estudante finlandês de 21 anos, chamado Linus Torvalds digitava uma mensagem no newsgroup comp.os.minix. Ele não imaginava que aquelas palavras simples e despretensiosas marcariam o início de uma revolução que transformaria para sempre o mundo da tecnologia.
"Olá a todos que usam o Minix – estou desenvolvendo um sistema operacional livre (apenas um hobby, não será grande e profissional como o GNU) para clones do 386(486) AT. Isso está sendo elaborado desde abril e está começando a ficar pronto."
Este é o início da história do kernel do Linux.
Kernel, mas o quê é isso?
Eu também pensava que o que o Linus criou em 1991 era uma distro completa, mas não é.
O kernel é o coração do sistema. Ele é responsável por controlar a comunicação entre
o hardware e os programas que você utiliza no dia a dia. Sempre que você abre um navegador,
edita um arquivo de texto ou executa qualquer comando, é o kernel quem organiza o uso da
CPU, distribui memória para cada processo, conversa com os dispositivos conectados (disco,
teclado, rede, placa de vídeo) e garante que tudo funcione de forma segura.
Sozinho, porém, o kernel não é suficiente para que você tenha um sistema operacional utilizável. É aí que entram as distribuições Linux. Uma distribuição Linux (ou simplesmente distro) pega o kernel desenvolvido pela comunidade e o combina com vários outros elementos indispensáveis, como:
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Ferramentas básicas do sistema (compiladores, bibliotecas e utilitários do projeto GNU, por exemplo).
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Um gerenciador de pacotes, que facilita a instalação e atualização de softwares.
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Programas de uso diário, como editores de texto, navegadores e suítes de escritório.
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Interfaces gráficas e ambientes de trabalho que permitem usar o sistema de forma amigável.
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Padrões de configuração e personalizações que refletem a filosofia de cada comunidade.
Infográfico fazendo a analogia do Linux com uma Ferrari. O Kernel é o motor do carro.
Na semana passada, em 25 de agosto de 2025, os usuários do sistema comemoraram os 34 anos do kernel Linux.
O kernel do Linux é o coração do sistema operacional, e a versão estável mais recente é a 6.16.4, lançada em 28 de agosto de 2025. Mantida por Greg Kroah-Hartman, essa versão já está disponível para download no site oficial do kernel. Paralelamente, a versão de desenvolvimento 6.17-rc3, lançada em 24 de agosto de 2025, está em fase de testes; por ser um “release candidate”, não é recomendada para uso em produção.
Distros!!
As distribuições Linux, ou mais carinhosamente chamadas de Distros, são um dos motivos do sucesso do Linux, como o código é aberto, qualquer um (isso mesmo, qualquer um) pode usar um kernel disponível e combinar com um gerenciador de pacotes, um ambiente gráfico e criar a sua pŕopria distribuição Linux.
Hoje em dia temos uma infinidade de distribuições Linux, cada uma com sua comunidade ativa e apaixonada. Se você quiser conferir a lista completa das distros que estão em destaque, recomendo dar uma olhada no site Distrowatch.
Eu mesmo já usei tantas que nem consigo lembrar de todas. Atualmente, sou embaixador do openSUSE, contribuo com o Debian, rodo o Zorin no meu desktop e mantenho o Kali Linux no laptop — este último dedicado aos meus estudos em cibersegurança.
Agora, talvez você esteja pensando: “Ah, mas Linux não é só aquela tela preta cheia de letras, coisa de nerd com óculos de armação grossa?” Pois é… esse é um dos maiores mitos. O terminal não é um bicho de sete cabeças. Pelo contrário: ele é o cockpit do Linux, como sentar no banco de uma Ferrari e ter controle direto sobre cada engrenagem.
Com alguns comandos, você copia arquivos, instala programas e automatiza tarefas em segundos. Nada de clicar em dezenas de menus. É quase como magia: simples, direto e poderoso. Além disso, usar o terminal é como desenvolver um “superpoder nerd” — você passa a enxergar o sistema por baixo do capô, entendendo como tudo funciona, como um mecânico que reconhece o motor só de ouvir o ronco.
Minha dica é: brinque, explore, erre e tente de novo. O terminal não morde — e quanto mais você se aproxima dele, mais percebe que aquela tela preta é, na verdade, uma janela para um universo inteiro de possibilidades.
Eu sou da época em que o Brasil tinha distribuições próprias, como o Conectiva e o Kurumin. Infelizmente, elas ficaram pelo caminho, o que considero uma grande perda. Mas, motivado por essa nostalgia, comecei um projeto pessoal: quero ser o “pai” do Caramelo Linux. A base vem do livro Linux From Scratch, e estou ainda nos estágios iniciais. É um desafio e tanto: só ontem perdi uma tarde inteira configurando tudo, até que um erro me obrigou a recomeçar do zero. Mas é justamente aí que mora a diversão: aprender, insistir e construir algo do nada.
Posso estar ficando meio louco ao tentar criar uma distribuição brasileira do absoluto zero, mas, chegando à quinta década de vida, sinto que este projeto pode se tornar algo mais do que um simples experimento: talvez o Caramelo Linux seja o meu legado, uma marca que deixo para o mundo da tecnologia brasileira. É uma mistura de desafio, paixão e nostalgia — uma tentativa de resgatar o espírito das antigas distros nacionais e, ao mesmo tempo, deixar algo único, inteiramente meu.
Se eu vou conseguir essa verdadeira façanha? Isso é algo que só o tempo poderá dizer.